Aprovam um copo de gracejo

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Grita mundo, grita

O chão tingido de vermelho é a pista
De um ontem tão hoje e tão amanhã
Alastrado
Encrostado

Balas de prata disparadas 
Verticalmente
Anunciam, re-anunciam, anunciam, re-anunciam
Ainda não acabou
Está tão longe

Mas o sangue frio está perto
Mas o dia escurecido está presente
Mas a linha amarela já foi riscada no asfalto
Mas  os caixões já foram encomendados
Mas tudo já fora demarcado


As crianças continuam a berrar pelo leite da mãe estática,
a oito palmos da realidade.
Talvez a salvo, talvez ainda a gritar
Talvez sem quaisquer talvez

Os pais e irmãos com os rostos pintados com os rostos apimentados
Ainda procuram o remédio para cicatrizar 
A apunhalada nas mãos a facada nas costas o olho arrancado o rasgo na perna
Ainda procuram alternativa
Nesse beco sem saída
Dessa rua toda escura
Desse mundo tão cego tão surdo tão mu(n)do

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