Aprovam um copo de gracejo

domingo, 5 de maio de 2013

Contradição ambulante

Mesmo que eu consiga me definir, mesmo que eu consiga explicar-me, transpassar-me para o papel, virar-me do avesso até que consiga dizer ''essa sou eu'', não serei eu fielmente. No exato momento em que eu escrever essas três palavras, a validade passará. Eu mudo com os segundos, com os minutos, com as horas. É uma mudança temporal mas sem calendário, porque não tem como medir ao certo. Estou morrendo a cada dia. Estou me perdendo a cada frase não dita e me encontrando a cada passo torto que dou nesse caminho de pedras de Drummond. O X da questão é simplesmente ser, e não descobrir quem sou, mesmo que isso também seja uma incógnita.
A única coisa que posso afirmar é que quero ser. Quero ser, quero existir, quero sentir. Sentir que erro. Sentir que posso sofrer mas que também posso ter um riso frouxo. Quero a intensidade da vida, que vêm com seus atropelamentos e rituais de cura predispostos, já no pacote. Eu quero, eu quero, eu quero. E esse querer descompassado, sem ritmo e mesmo assim dançante, quase um sambista, é que me faz querer, acima de tudo, mudar e deixar de ser o que um quarto de dia antes ou três segundos depois fui.
Um, dois, três. Mudei. Ainda estou mudando.

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